segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Livre Arbítrio






Definição

O livre arbítrio é uma teoria fomentada por muitas pessoas que acreditam na liberdade de escolha do destino por parte de cada ser. Os que acreditam na liberdade de escolha de cada pessoa, dizem que cada um tem o direito de escolher o que fazer da sua vida. Uma outra definição para o termo é a liberdade de decidir o que fazer, escolher algo e também liberdade de caráter, de exercer uma vida de bom caráter ou não.

Na verdade o homem tem liberdade de atitudes e ações. Porém, todas são controladas pela soberania divina. Não quero aqui dar a entender que não ter livre arbítrio é a mesma coisa que sofrer o fatalismo.

O fatalismo é uma ideologia difundida pela qual se acredita ser impossível a intervenção humana nas circunstâncias e fatos da vida. Aceita entre os pobres que buscam na idéia de destino uma explicação para seus sofrimentos e desgraça. Outrossim, torna o indivíduo incapaz de reagir mediante a capacidade e recursos pessoais, intelectuais e físicos, levando-o ao comodismo ou tentando viver aproveitando-se do esforço alheio, tirando-lhe o direito à consideração e à estima dos outros membros da comunidade.

A idéia do fatalismo leva as pessoas a acreditarem que suas ações de nada aproveitarão, pois, as circunstâncias, acreditam, são independentes de suas ações. São também levados a crerem que fatalmente viverá na miséria a vida toda, perdem a auto-estima, e, acreditam não haver soluções para seus problemas.

Quero refutar essa ideologia. É natural a mangueira produzir mangas a laranjeira, laranjas, porém, não têm vontade própria, assim como o fogo queima o combustível involuntariamente; mas o homem é racional, dotado de capacidade de sobreviver melhor mediante a inteligência que é peculiar à humanidade. Não me refiro ao livre arbítrio no que diz respeito à vida eterna e espiritual, pois muitos que são ricos, não são fatalistas, entretanto, se não receberem a revelação e convencimento do Espírito Santo não podem ser libertos. Mas me refiro aos que, mesmo crendo na verdade permanecem com preconceitos e ideologias mundanas.

Se o fatalismo ocorresse incondicionalmente a todos, diríamos a todos os empresários e executivos do mundo inteiro que paralisassem suas atividades e negociações; todas as indústrias cessariam suas produções e mão-de-obra; que todos os operários não saíssem de suas casas para o trabalho; que os agricultores e trabalhadores rurais não plantassem; os transportes de cargas e urbanos, navegações e transportes aéreos paralisassem; todos os profissionais liberais, os poderes legislativo, judiciário e executivo, ministros e secretários não tivessem nenhuma ação, quaisquer que fossem. Aí sim, o mundo passaria a um caos de fatalidades que geraria guerras e destruições em poucos dias, pois não poderíamos esperar que, pelo fatalismo incondicional obtivéssemos os mesmos resultados satisfatórios que ocorrem normalmente todos os dias.

As pessoas que acreditam no fatalismo não tomam atitudes quanto às circunstâncias e problemas da vida, vivem sem esperança, não têm objetivo, vivem como o irracional. No universo, o homem é um ser dotado de capacidade intelectual e criativa semelhantes ao Seu Criador, Deus.

O homem precisa para o seu bem estar, saber o que quer, porque quer, e o que fazer para conseguir o que quer. Doutra forma o ser-humano torna-se em vão em meio à natureza que Deus criou para o homem cultivá-la e desfrutar dos seus resultados.

Há várias pessoas que defendem a teoria do livre arbítrio. Primeiro queremos definir o que significa este termo: livre arbítrio – de acordo com o dicionário da língua portuguesa significa deliberação que depende só da vontade de quem resolve, poder, que possui a vontade, de se determinar livremente. Estas expressões nos levam a entender que, quem tem livre arbítrio é alguém que pode decidir o que vai fazer e o que vai acontecer em sua vida. Para dizer que o homem tem essa liberdade, no sentido bíblico e teológico é necessário analisar a questão passo a passo.

Primeiro - O homem foi criado para obedecer à ordem do seu Superior, Deus. Para ser livre é preciso ter poder para decidir a própria vida, e não é isso que ocorreu com o homem. Quando ainda sem a queda, o homem tinha que obedecer a Deus. Quem tem um Senhor não é livre. Ao tentar desobedecer a Deus, o homem se tornou escravo do pecado. Logo, se é escravo não tem o poder de decidir o que quer. Jesus se referindo quanto à vida espiritual do homem, disse que só é capaz de servir a um Senhor; aborrece a um e satisfaz a outro, (Mt 6.24). Incondicionalmente o homem está submetido à servidão, seja a Deus ou a outro senhor, como: o pecado, às riquezas, à carne, ao Diabo e ao mundo. De qualquer forma o homem está sob algum domínio. Logo, sempre fará a vontade de quem está submetido às ordens, se é Deus, estará sob o domínio do Espírito, se é o mundo com suas concupiscências, estará sob o domínio do príncipe deste mundo; então, onde está o livre arbítrio do homem?

É verdade que várias áreas da nossa vida são de responsabilidade da escolha pessoal, porém, quando tratamos da humanidade de um modo geral, não há razão para dizer que o homem perdido tem livre arbítrio. O próprio Jesus afirmou: “Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado”. Está entendido que o homem sem Jesus não tem livre escolha. Não irei dissertar muito sobre este assunto, pois teria que escrever muito para o leitor entender melhor, porém lhe convido para, em poucas palavras analisar o que a Bíblia diz. A Bíblia afirma que os que estão sem Cristo, estão mortos espiritualmente. Logo, entendemos que um morto não pode ouvir, ver, tão pouco ter vontade. Quanto ao novo nascimento, Paulo diz que “estávamos mortos em nossos delitos e pecados”, Então, “Cristo nos vivificou” , e podemos receber a fé pela graça de Deus, sendo gerados de novo. Ninguém nasce pela própria vontade, mas, da que o gerou. Leia: “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”. O homem só tem liberdade após ser liberto por Cristo, do contrário, está preso por Satanás e pelo pecado. O homem que está preso pelo pecado não tem liberdade de escolha, até que o Espírito o convença do pecado, da justiça, e do juízo, aí então, passa a ter liberdade de poder andar nas boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Eu bem sei que há os defensores do livre arbítrio, que tentam afirmar a liberdade do ser humano. Fosse assim, todos seriam salvos, pois querer a vida eterna, todos querem, porém, somente os que são libertos do pecado por Jesus Cristo, têm esse privilégio.

Segundo – Se o homem tivesse livre arbítrio, não seria necessário a Bíblia ordenar tantas vezes a que o homem subjugue seus desejos e paixões carnais ao domínio do Espírito. Nunca, em quaisquer circunstâncias o homem foi livre para decidir a própria vida. Sempre o homem está submetido a alguma autoridade. Desde a família à sua vida de cidadão está submetido a ordens e leis que é obrigado a obedecer social e moralmente. O homem tem liberdade para agir, porém esta liberdade é condicionada a princípios que regem todos em comum. Todos podem fazer o que querem da própria vida, porém, fazer o que quer exige condições que o homem deve obedecer. Tais condições não são simplesmente leis elaboradas pelas autoridades civis, mas leis que regem a vida espiritual, moral e social do homem. Por exemplo, temos as leis naturais, tais como: nasce, cresce, reproduz, envelhece e morre. Jesus perguntou aos Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? (Mt 6.27).

Terceiro – Quanto à salvação, o homem está morto em seus delitos e pecados até que seja ressuscitado espiritualmente por Deus mediante a vivificação da sua Palavra. Estando morto espiritualmente, o homem não tem como escolher a salvação. Se o homem tinha livre arbítrio antes do pecado, provavelmente perdeu este ao se tornar escravo do pecado através da queda. O que é confundido com livre arbítrio é a liberdade de pensar o que quiser com o poder de executar o que se quer. Planejar e decidir o que fazer é muito fácil, mas o efetuar vem de Deus. Se o leitor não compreendeu ainda isso, medite nos textos bíblicos a seguir: "Eia agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos e ganharemos. No entanto, não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece. Em lugar disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo. Mas agora vos jactais das vossas presunções; toda jactância tal como esta é maligna". Tg 4.13-16; também "O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos." Pv 16.9. E outra coisa é o crente presumir que um pensamento ou plano é de sua vontade, mas pode ser do próprio Deus. "porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade." Fl 2.13.

Deus prova que, nem tudo o que queremos fazer conseguimos. Todos os homens, até mesmo Jesus não escaparam de estarem submissos à vontade de Deus,(Hb 5.5-8). Segundo o que Jesus falou, o homem não tem condições de decidir quanto às mínimas coisas da vida, quanto mais as necessárias, (Lc 12.25,26). Quanto às coisas espirituais, (salvação por exemplo), qualquer pessoa quer ir para o céu, mas será que vai só porque quer? Se for salvo aquele que faz a vontade de Deus, logo, onde está o livre arbítrio do homem? Mt 20.20-23; Hb 10.36; Rm 12.2; I Jo 2.17.

Por que o homem não tem livre arbítrio?

  1. O homem não é auto-suficiente.
  2. O homem não tem domínio sobre a sua própria vida, Lc 12.25,26.
  3. Está submisso à lei e à autoridade superior, principalmente a Deus,
  4. Não nasce nem morre pela própria vontade, sua existência não depende de si mesmo,
  5. Não consegue dominar a si mesmo quanto à sua natureza pecaminosa.
  6. Não faz o que quer, nem deixa de fazer o que não quer, Rm 7.15.
  7. O homem que está sem Deus é escravo do pecado,
  8. O homem que está em Cristo é servo de Cristo,
  9. Para ser salvo o homem tem que fazer a vontade de Deus, Mc 3.35; I Jo 2.17.
  10. Quando faz a vontade do Diabo é condenado por Deus, o que, com certeza, não gostaria de ser, Jo 8.44.

Há a pretensão humana em dizer que, o homem tem que fazer a sua parte para Deus fazer a dele. Isto coloca o homem como motivo da ação divina, quando, na verdade é o contrário. Nunca, em hipótese alguma podemos comover o coração de Deus. Nada é novo ou extremamente maravilhoso para ele. Não podemos agradar-lhe se não formos persuadidos pelo Seu Espírito. É claro que temos de cumprir a sua vontade, porém, só podemos lhe obedecer se formos convencidos pelo seu Espírito e persuadidos pela sua Palavra. O propósito é dEle, a ação é produzida em nós pela Sua Palavra, verbo, ação. Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” (Fl 2.13). Assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” (Is 55.11). assim entendemos que desde o princípio tudo foi minuciosamente preparado para cumprir a vontade de Deus. (leia Sl 139.1ss).

Quando o homem age com livre arbítrio, nunca escolhe o caminho de Deus. A Bíblia denota o homem perdido como aquele que anda pelos seus próprios caminhos. Se o homem na sua livre vontade somente escolhe o mal, como podemos esperar que a salvação seja objeto de nossa escolha? De Gênesis a Apocalipse a Palavra de Deus revela o comportamento peculiar do justo e do ímpio. Todas as vezes que o homem age pelos seus próprios desígnios, está perdido. Aliás, quando o homem produz as obras da carne está submetido à vontade do Diabo. “Quem comete pecado é do Diabo” (I Jo 3.8); Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai;” Jo 8.44. Quando, porém, faz a vontade de Deus, está submetido à vontade do Espírito. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.” Gl 5.24. Observe que não são os que crucificaram a carne com suas paixões que passam a ser de Cristo, mas sim, os que são de Cristo é que crucificaram a carne com suas paixões. A vontade de crucificar a carne com as paixões não procede do próprio homem, mas após ter nascido de novo em Cristo se submete à autoridade dele. Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. (Rm 8.5). Logo, é muito fácil de se confundir a ação humana com a sua vontade. Nossas atitudes espirituais não são produzidas pela vontade, mas pelo âmago do ser, da procedência espiritual. Se maligna, produz as más obras; se benigna, produz o fruto do Espírito. Não se engane, uma pessoa pode praticar boas obras, entretanto, sua procedência pode ser maligna; outra pessoa pode praticar más obras, o que é peculiar do homem, entretanto sua procedência pode ser do bem (Ec 8.14). Observe que quando Caim matou Abel, ambos cultuavam a Deus, mas Deus se agradou da oferta de Abel. Será que Caim não teria o direito de livre escolha para adorar a Deus? Entretanto a Escritura diz: “Caim era do maligno, e matou a seu irmão” I Jo 3.12. Não fora o homicídio que condenou Caim e o tornou injusto, mas a sua procedência: do maligno. O homem pode usar uma roupagem para enganar, mas Deus conhece o coração. Logo, não se pode produzir o mal, sendo do bem; da mesma forma, não se pode produzir o bem, sendo do mal. Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. (Mt 7.17,18). Não ocorreu a mesma classificação do ato de Moisés em matar um egípcio e enterrá-lo na areia. Deus não olhou para esta falha, nem o rejeitou, mas o chamou para a sublime tarefa de libertar os hebreus das mãos de Faraó. Se Deus tratasse a Moisés, Davi Sansão e tantos outros segundo o que praticaram, não os teria escolhido e os tornado ícones da sua obra. Mas Ele não os tratou segundo as suas iniqüidades, mas os provou pela essência do ser. “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus”. (Jo 8.47). Antes, Jesus questionou os religiosos: “por que não compreendeis a minha linguagem? É porque não podeis ouvir a minha palavra.” (Jo 8.43).

Quantas vezes ouvimos pessoas dizerem dos púlpitos ou nas conversas cotidianas: “se você permitir Deus fará grandes coisas, basta você querer; se você abrir a porta do seu coração Deus muda a sua vida; Deus só faz o que você permitir”; entre tantas outras expressões que fomentam o livre arbítrio e condiciona a vontade de Deus ao comportamento humano. É claro que o homem tem o seu comportamento e atitudes de querer realizar algo, porém o efetuar pertence a Deus. Não devemos enganar a nós mesmos com declarações vãs e interpretações errôneas das Escrituras. A Bíblia está repleta de declarações humanas, mas a essência deve ser interpretada sob a óptica divina. O homem pode propor o que pretende realizar, porém o efetuar, tornar real o seu propósito vem de Deus. O homem é tão limitado que a Bíblia está cheia de conselhos sobre presunções. Debaixo do sol nunca devemos pensar que é impossível acontecer alguma coisa, pois Deus pode fazer acontecer o que parece impossível aos olhos humanos, como pode tornar impossível o que para o homem seria possível. Tiago aconselha a não sermos presunçosos pensando que podemos planejar algo e assim acontecer, mas considerarmos a vontade de Deus. (Tg 4.13-15).

União de Blogueiros Evangélicos

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